terça-feira, 16 de novembro de 2010

água de coco, picolé e vinho;




A notícia foi um choque para todos. Estava na internet quando recebo a notícia de que minha minha tia falecera, chorei ao perceber que a morte está tão próxima de nós quanto imaginávamos. Acordei cedo como de costume, fui ao trabalho, avisei ao meu chefe e fui de volta para o enterro, quando cheguei haviam várias pessoas, nenhum de seus filhos estavam lá dentro mas não imaginava o por que. Quando entrei percebi. Era tão difícil de ficar ali, aquela não era a pessoa cheia de luz e paz que conhecia, mas um rosto frágil e levemente amarelado, minha garganta parou, meus olhos encheram d'água e tive de sair. Foi tudo triste, meus primos mesmo de maiores estavam com os olhares mais fundos que um poço, e meu tio, ah meu tio, estava ao seu lado, sua aliança reluzia sob a fraca luz. Mais tarde, quando jantei na casa de meus bisavós ele estava lá, olhando o nada como se ela fosse aparecer em qualquer instante. Numa conversa ou outra entre todos, tal fato me cortou o coração. Horas antes de morrer, estava pedindo água de coco, picolé e vinho, sim, ninguém entendera nada mas foram pegar pelo menos a água de coco, como já era noite acharam só de caixinha e ela ficou brava, tomou assim mesmo, mas queria agarrar com as mãos e tomar sozinha, ela não podia suas mãos estavam como as de uma boneca de pano. Acharam que ela estava delirando...

Só então entendi. Ela queria sentir o cheirinho de coco verde fresco, queria saborear o gelado e doce de um picolé, e sentir o ultimo prazer de um vinho. Ela sabia que era a hora, e esses foram seus ultimos pedidos, dignos de uma mulher maravilhosa.

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